quarta-feira, 27 de maio de 2009

Seminário Integrador VI

Quando o aprendiz é desafiado a questionar, quando ele se perturba e necessita pensar para expressar suas dúvidas, quando lhe é permitido formular questões que tenham significação para ele, emergindo de sua história de vida, de seus interesses, seus valores e condições pessoais, passa a desenvolver a competência para formular e equacionar problemas. Quem consegue formular com clareza um problema, a ser resolvido, começa a aprender a definir as direções de sua atividade." (Léa Fagundes, Aprendizes do Futuro)

Estamos construindo um novo Projeto de Aprendizagem.

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Educação Especial


Esta interdisciplina me ajuda perceber melhor o outro, suas diferenças, com naturalidade, sem preconceitos. Pois muitas vezes, tentando ajudar, acabamos excluindo.


Art. 2º Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2, de 11 de Fevereiro de 2001)


A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais, “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

VOCÊ PODE ACOMPANHAR A MINHA CONSTRUÇÃO E O MEU APRENDIZADO, NO LINK ABAIXO.


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QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO

A) Pergunta desencadeadora:
Como você se sente como aluno negro nesta escola?

Após a leitura dos textos sugeridos, realizei a atividade com o aluno num ambiente calmo, tive paciência de ouvir e cuidei para não falar por ele.
Iniciei falando que gostaria de conversar, ele me encheu de perguntas, expliquei que era uma atividade da faculdade e queria ouvir o que ele quisesse falar sobre a minha pergunta.
Perguntei: Como você se sente como aluno negro nesta escola? Ele respondeu, “todo mundo me chama de neguinho sarará, o fulano, me chama também, mas ele não é meu amigo. Alguns me chamam de nego beiçudo, outros de neguinho burro, barrigudo ou gordo. Mas eu tenho bastante amiga que gostam de mim.”
O aluno tem 10 anos, está na 3ª série, é filho adotivo, inteligente, espontâneo e muito amado pela família e demais conhecidos. Sabe que é uma pessoa igual às outras mesmo sendo de cor diferente. Disse que tem muitos amigos, e os apelidos que recebe são de alunos que não considera seus amigos.
Contou que adora brincar de vôlei, futebol, amarelinha, pega-pega, pratica taekwondo e se precisar brigar para defender uma amiga ele briga. Gosta muito da sua cor e não se incomoda porque os irmãos e os pais têm pele clara. Acredita em Deus, sabe rezar, diz que Jesus está sempre olhando e cuidando dele, que deve sempre fazer o bem a todos.
Adora ouvir música e dançar rock, funk, sertaneja. É uma criança extrovertida, família de classe média, pais comerciantes e dedicados aos filhos.
Perguntei como era o relacionamento dele com a professora, ele respondeu que gosta muito dela e que recebe atenção normal como os demais colegas brancos.
Percebi que apesar de não gostar de ser chamado de negro, ao comentar sobre os demais colegas da sala se referiu a uma colega dizendo que era neguinha igual a ele. Sem intenção de gerar algum conflito, perguntei o que ele fazia quando era ofendido com os apelidos que não gostava, ele respondeu de falava para a professora e ela pedia para que os colegas parassem e respeitassem uns aos outros. Mas quando perguntei se a professora normalmente conversava de alguma forma sobre afro-descendentes, ele respondeu que não.

Pensamos ser de fundamental importância um olhar na multiculturalidade existente em nossas salas de aula e especialmente no ethos da tradição africana ainda muito presente, que deve ser explicitado, principalmente através das nove (09) dimensões da expressão afrocultural. (pag.3)


B) Dimensões da expressão afro-cultural:

A partir da leitura do texto “Auto Imagem e Auto-Estima na Criança Negra: um Olhar sobre o seu Desempenho Escolar”, de Marilene Leal Paré, identifiquei algumas dimensões da expressão afro-cultural no aluno entrevistado.
· ESPIRITUALIDADE – que mostra um conhecimento de uma força de vida não-material a qual permeia todas as atividades humanas.
· MOVIMENTO – característica dada numa trama de movimentos, dança, percussão e ritmo observados na batida musical.
· ENTUSIASMO – receptividade especial a níveis relativamente altos de estímulos.
· AFETO – importância da informação afetiva e da expressão emocional ligadas à co-importância dos sentimentos e pensamentos.
· ORALIDADE – a importância dos modelos oral / aural da comunicação para transmitir um significado verdadeiro e cultivar a ação da fala.


Observando o aluno percebi a dimensão da espiritualidade, ele acredita em Deus, sabe que é querido, amado e importante para muitas pessoas da família e amigos.
De acordo com a nossa conversa demonstrou características da dimensão movimento, quando disse que adora dançar e cantar músicas, é animado e divertido.
Em relação às dimensões de entusiasmo, afeto e oralidade, no início da conversa já estavam explícitas, quando se mostrou interessado, atencioso, falando carinhosamente dos amigos, família e professora, se expressando de forma clara e objetiva. Tendo consciência de que somos todos iguais, indiferente de raça ou de cor e que devemos ter respeito por todas as pessoas.
Percebo que diante de um mundo individualista e competitivo, para muitas pessoas a diferença é motivo de discriminação. Mas nós educadores podemos mudar esse preconceito dentro e fora da escola, buscando um mundo mais solidário, onde a diferença é motivo de enriquecimento e complementação.

Muitas são as vias, que nós,educadores,criativamente, podemos traçar para atender as essências contidas nas vozes dos alunos afro-brasileiros,no entanto, a Dra. em Educação da Emory, Universidade dos Estados Unidos, no curso promovido pelo NAP (Letras- UFRGS), afirmou que os professores devem ser orientados no sentido de entender as culturas, mudar as crenças preconceituosas que eles têm sobre os alunos, de modo a descobrirem o gênio que há dentro de cada criança. (pag.3)


Referências bibliográficas:

PARÉ, Marilene Leal. Auto Imagem e Auto-Estima na Criança Negra: um Olhar sobre o seu Desempenho Escolar.
PARÉ, Marilene Leal. Dimensões da Expressão Afro-Cultural.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Filosofia da Educação

Lendo o texto “Educação após Auschwitz” de Theodor W. Adorno, e pensando sobre a relação entre educação, civilização e barbárie, fica claro que não podemos relacionar a barbárie somente com a falta de educação.
De acordo com algumas descrições da rígida divisão do trabalho e a extrema organização de Auschwitz, a "indústria da morte” contava com o conhecimento de
geniais arquitetos, administradores, antropólogos, médicos, químicos, biólogos, enfim, parte do conhecimento e da tecnologia mais avançada a serviço da destruição de seres humanos.
Posso argumentar que a barbárie pode ser um beneficio político ou econômico para seus autores. E diante dos acontecimentos em Auschwitz, podemos perceber do que o ser humano é capaz quando se encontra num estado de frieza.
Para Adorno, como a barbárie continua em curso, o desafio racional da nossa existência é construir a antítese na sociedade, de tal forma que seja possível à história produzir uma síntese mais humana do que a que temos consciência, para que genocídios como os de Auschwitz não se repitam jamais.
De acordo com o texto, fica claro perceber que poderá haver uma relação entre educação, civilização e barbárie. Bem ou mal essa relação dependerá do estado de consciência do ser humano. E a educação deve ser contra a barbárie.

A educação só teria pleno sentido como educação para a auto-reflexão crítica. Dado todavia que, como mostra a psicologia profunda, os caracteres em geral, mesmo os que no decorrer da existência chegam a perpetrar os crimes, já se formam na primeira infância, uma educação que queira evitar a reincidência haverá de concentrar-se na primeira infância. (pág. 2)

Nós educadores temos a responsabilidade social de educar para o bem, no sentido da auto-reflexão crítica. Podemos seguir um caminho que nos leve para a libertação, com dignidade, respeitando o outro, num todo em comum.
Buscando conhecer a si próprio, sendo capaz de amar a si para conquistar a dignidade de ser amado. Essas ações dependem da necessidade ou motivação vivida no momento, por isso toda a
política educacional, no contexto em que a civilização (comunidade) estiver inserida deve centralizar-se na necessidade de evitar a repetição das barbáries praticadas em Auschwitz.
Somo capazes de superar a barbárie com autonomia, e isso é decisivo para a sobrevivência da humanidade, devemos agir de forma solidária, educando, refletindo, ensinando ao nossos alunos o valor da vontade, da determinação, do espírito de força e união.


Se falo da educação após Auschwitz, tenho em mente dois aspectos: primeiro, a educação infantil, sobretudo na primeira infância; depois, o esclarecimento geral, criando um clima espiritual, cultural e social que não dê margem a uma repetição; um clima, portanto, em que os motivos que levaram ao horror se tornem conscientes, na medida do possível. (pág. 2)

Entenda o Holocausto de Auschwitz
http://www.youtube.com/watch?v=EV_I5VGu0Js

Filosofia da Educação

O filme “O Clube do Imperador”, conta uma história que acontece num colégio interno onde um competente, respeitado e dedicado professor, chamado Hundert tenta com bons exemplos, moldar a personalidade dos alunos.
As aulas transcorriam normalmente até a chegada de um novo aluno, diferente dos colegas por sua arrogância e falta de educação. Bell tinha uma relação fria e sem afeto com seu pai, um milionário e importante senador. Seu pai era um dos principais mantenedores do colégio, o que fazia Bell se sentir superior aos demais.
De acordo com os costumes do colégio, o professor Hundert organizou uma competição classificatória que chamava de "Júlio César". Era um desafio entre os alunos que estudavam muito para responder corretamente as perguntas feitas pelo professor.
Acreditando que conseguiria ajudar o aluno Bell, que se esforçava para tirar boas notas, o professor forjou a última classificação, indo contra os seus costumes.
O professor ao perceber que Bell colava nas perguntas comentou com o diretor, que ignorou, visto que a presença do aluno naquela escola era necessária para conseguir dinheiro e sustentar o colégio. Hundert reconhece que a esperteza de Bell se sobrepõe a honestidade e apesar de tentar ajudar, o aluno não conseguiria mudar o seu caráter.
Anos mais tarde, o professor recebe de Bell uma carta com um convite para passar um final de semana na sua casa e repetir a competição de “Júlio Cesar”, o aluno se dizia um novo homem. Todos os alunos daquela turma, já formados, bem sucedidos, com suas famílias foram convidados.
O professor sentiu-se orgulhoso ao perceber que foi capaz de contribuir para formar o caráter e a honestidade daquele aluno, agora um grande homem. Porém ao realizar novamente a competição, Bell trai a confiança do professor, colando mais uma vez.
Hundert como professor ficou frustrado em relação a Bell, mas diante dos demais ex-alunos, que eram honestos, dignos de seus cargos importantes, de suas famílias, percebeu o valor de sua formação, e que é humano e pode errar tentando acertar. “Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos, na prática social que tomamos parte.” (Paulo Freire)
O filme nos faz refletir sobre a importância da ética e da honestidade, valores tão deixados de lado na sociedade atual, onde predomina o egocentrismo. E que as pessoas não devem desistir dos seus objetivos, mesmo aparecendo inúmeros contratempos.


Por melhor que seja a escola ou o professor, o caráter e a personalidade são moldados pelo “berço” e, no decorrer da vida, os meios podem interferir, porém, o que de fato fica, são os exemplos, bons ou ruins, que recebemos de nossos pais. (autor desconhecido)


Psicologia II

Após as aulas presenciais, os textos propostos e as atividades aplicadas, compreendi melhor sobre algumas palavras que eu costumava usar como “passar, transmitir” e essas, “remetem a teorias que explicam de maneira diferente sobre como nós aprendemos, não se encaixando”, conforme palavras da tutora Marcia, no que realmente acredito e gostaria de expressar.
Hoje me recordo da educação tradicional que recebi, eu escutava, copiava e tentava executar o que o professor pedia, sempre em silêncio, sem questionamento, atitude e motivação.
Conforme as palavras do autor Fernando Becker no texto “Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos” compreendi melhor as teorias do conhecimento e o processo de construção da aprendizagem quando o professor parte da curiosidade do aluno considerando seus conhecimentos já adquiridos.
Acredito que a melhor forma de conceber a relação ensino/aprendizagem é a Pedagogia Relacional, o construtivismo, onde os alunos aprendem quando constroem algum conhecimento novo. E sendo sujeito ativo aprendem mais facilmente e quando necessário podem contar com o auxílio do professor, “corresponde a um sujeito ativo, isto é, um sujeito que assimila efetivamente o que está à disposição.”
Sendo instigado, questionado e desafiado pelo professor com algumas situações problemas o aluno se vê motivado a buscar novos conhecimentos.
“O professor precisa "aprender" seu aluno. E isso que lhe dá legitimidade para ensinar. O professor que não "aprende" seu aluno não adquire legitimidade para ensinar, salienta Becker.”
De acordo com Piaget: o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio.